A Câmara Municipal de Cuiabá deve votar nos próximos dias um projeto de lei que proíbe o atendimento a bonecas do tipo “bebê reborn” nas unidades públicas de saúde da capital. A proposta é de autoria do vereador Rafael Ranalli (PL) e pretende regulamentar o uso da estrutura hospitalar diante do crescente número de casos envolvendo esses bonecos hiper-realistas.
Feitas de forma artesanal para se assemelharem a recém-nascidos, as bonecas reborn ganharam popularidade nas redes sociais, onde vídeos mostram adultos tratando os bonecos como filhos — com simulações de mamadas, trocas de fraldas, consultas médicas e passeios em carrinhos.
Segundo Ranalli, o projeto visa preservar os serviços públicos de saúde para o atendimento exclusivo de seres humanos. “Diante do exposto, e considerando o crescente debate social e institucional em torno do tema, é essencial que o Município de Cuiabá se antecipe com uma regulamentação clara, equilibrada e juridicamente fundamentada”, justificou o vereador.
O texto, que ainda passará pelas comissões da Casa antes de ir ao plenário, proíbe expressamente atendimentos ambulatoriais, emergenciais ou internações relacionados às bonecas. Também veda qualquer uso da estrutura hospitalar, mesmo que simulado, para procedimentos envolvendo os “bebês reborn”.
Caso a norma seja desrespeitada, o projeto prevê advertência e aplicação de multa, que pode chegar a R$ 10 mil em caso de reincidência. Além disso, poderá haver representação contra os profissionais envolvidos junto aos respectivos conselhos de classe, como o Conselho Regional de Medicina.
Ranalli afirma que a proposta não busca ridicularizar os proprietários das bonecas, mas sim estabelecer limites no uso dos serviços públicos. “O objetivo é garantir que a estrutura de saúde esteja voltada à promoção da vida humana”, destacou. Ele também propõe que pessoas que se identifiquem como pais ou mães dos bonecos possam ser encaminhadas para avaliação psicológica ou psiquiátrica na rede municipal de saúde mental.
Tema polêmico
A discussão sobre os “bebês reborn” tem gerado ampla repercussão nas redes sociais, principalmente no TikTok e Instagram. Em vídeos que viralizaram, adultos aparecem interagindo com os bonecos como se fossem crianças reais, inclusive tentando usar benefícios e atendimentos destinados a mães e pais com filhos de colo.
Apesar de muitas dessas postagens serem produzidas com fins de entretenimento, a frequência do fenômeno tem despertado preocupações sociais e motivado debates institucionais. A polêmica chegou até o Congresso Nacional, onde foi apresentado um projeto de lei que prevê multa de até 20 salários mínimos para quem tentar obter qualquer tipo de benefício reservado a crianças utilizando bonecas reborn.
O projeto de lei em Cuiabá ainda não tem data definida para votação em plenário.





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